Chaminés Mouriscas

Uma das grandes riquezas patrimoniais da freguesia são as chaminés mouriscas que lhe permitem apresentar uma arquitectura urbana bastante singular e distinta das povoações vizinhas.

No “Inventário Artístico do Distrito de Évora”, Túlio Espanca chama-lhes “pitorescas chaminés de fuga cilíndrica”, assinala a sua edificação nas construções civis de feição popular e sublinha o seu carácter “‘absolutamente diferenciado das do Alto Alentejo” aproximando-se mais das tradicionais chaminés algarvias.

A origem árabe destas chaminés assenta na tradição popular não existindo qualquer fonte histórica que o permita confirmar.

Os desenhos panorâmicos de Mourão publicados no “Livro das Fortalezas” de Duarte de Armas, no início do século XVI, não nos mostram qualquer chaminé com estas características o que, em todo o caso, poderá apenas significar que estas construções não mereceram a atenção do autor.

Independentemente da sua origem, a paisagem urbana desta freguesia é hoje marcada por estas ‘chaminés cilíndricas, as maiores das quais com três metros de altura e um diâmetro de um metro, outras um pouco menos imponentes. “Pode afirmar-se que o seu tamanho era também uma representação do estatuto social de quem a mandava edificar. Ainda hoje se vêm duas chaminés numa mesma casa, uma casa abastada para a época”, aponta Regina Branco na âmbito de um trabalho efectuado no Departamento de História da Universidade de Évora.

Por regra, a chaminé, cuja abóbada era construída em ladrilhos de barro unidos com cal e gesso, ocupava um lugar de relevo no interior da habitação. Situada geralmente na entrada da casa, a sua grande dimensão permitia-lhe outras funções para além das habituais, sendo um espaço de convívio entre os moradores e um local adequado para receber os visitantes

Estas chaminés cilíndricas, vestígios que mantêm viva a passagem da cultura Árabe por este local.

Ao longo dos tempos muitas foram sendo demolidas, perdendo-se, assim, um pouco do legado histórico da Freguesia.

 

 

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